18 de outubro de 2020

Até ao Monte da Senhora da Mó

Este é um sítio muito especial, perfeito para "desligar". Subir o monte e ficar ali sentada, simplesmente a admirar tudo à volta, respirar o ar "puro", ouvir o "quase" silêncio, sentir os aromas da natureza na brisa, sem pensar em mais nada... O monte tem uma vista de 360º e não é uma vista qualquer, é uma visão soberba e inspiradora.

 

Crónica: Até ao Monte da Sra da Mó

 

Hoje decidi começar pelo fim :) Sim, hoje fui eu que decidi. A pendura também tem esse direito. Até porque no banco de trás acontecem muitas coisas. Arranques super rápidos, travagens hiper bruscas, saltos em altura nas lombas porque o banco de trás de uma R é um verdadeiro trampolim e, na maior parte do tempo, sacudidelas, MUITAS mesmo, posso dar a sensação de ser uma mascote pendurada atrás ao vento até! E por tudo isto, mais o cheiro do escape que se impregna na roupa e no cabelo!, mereço decidir. Então, como dizia, decidi inverter a viagem, que geralmente acaba na autoestrada a caminho do Porto.

Porquê inverter? Depois de um dia inteiro de viagem como mascote voadora no banco de trás duma R, toda "partida", seria uma tortura medieval vir embora pela autoestrada, a aguentar a força abrupta do vento, agarrada como um koala com todas as partes do meu corpo nas posições mais caricatas, de tal maneira que quando paramos demora sempre uns segundos a pôr o corpo todo numa posição normal e relaxada. (Aqui os condutores não têm voto na matéria porque não são eles que são sacudidos atrás como capas de super-heróis).

Saímos do Porto pelo freixo a caminho da A32 e seguimos até Vale de Cambra. Íamos a caminho de Vale de Cambra quando passamos um túnel, mais pequeno que o da ribeira do Porto, mas o chão era bom e ele acelerou lá dentro. Eu ali sentada atrás, sem nada para fazer, pus-me a pensar, em questões NADA existenciais... Porque raio é que aceleras sempre nos túneis?! Mas logo me esqueci de tudo assim que comecei a ver as montanhas ao longe. 

Acabados de chegar a Vale de Cambra fomos recebidos por um cão espertalhão! Um farejador implacável e observámos o cãozito a cheirar o chão muito distraído e todo contente (pensamos nós), quando afinal ele estava a fingir que cheirava, para nos saltar para cima aos urros e a ladrar! Assustei-me, mais por medo que ele se magoasse, do que por medo que me magoasse a mim :D e desatámos a rir!

No centro, dirigíamo-nos para a N224 para Arouca quando o meu piloto, sem mais nem aviso, desviou à Fittipaldi para a N328, assim que viu uma placa a dizer Nª Sª da Saúde :D Foram 20Km até encontrar o Parque da Nossa Sra da Saúde da Serra em Gestoso. Um sítio bonito e acolhedor. Uma alteração que valeu bem a pena pelas grandes vistas! Visitamos a igreja sem o Paulo tirar o capacete lol

Voltamos para Vale de Cambra e 20kms depois rumamos à N224. Boas curvas, como sempre, mas soube a pouco. Queremos sempre mais!! :D

De facto, não passa um ano sem irmos ao Monte da Sra da Mó, e, comicamente, por mais que estudemos o percurso no mapa, há sempre uma altura em que estamos num sítio diferente. (mapas no vídeo) e as estradas são sempre alcatroadas. O caminho é sempre maravilhoso até chegar lá. Seja pela N224 desde Vale de Cambra ou Castelo de Paiva, ou seja pela N326 de Gião a passar por Mansores, seja outra estrada mais pequena qualquer, há floresta, há natureza, há vistas lindíssimas e muitas curvas :D E, por alguma razão, mesmo as estradas mais pequenas as "CM" qualquer coisa, estão alcatroadas e muito direitinhas na maioria do percurso ;)

Chegados a Arouca, fomos comer a um cafézito onde já é habitual "atracarmos" na esplanada. Depois de comermos a entrada, surge-nos uma pulga saltitante na mesa, literalmente aos pinchos, almoçamos rapidamente e seguimos para o Monte da Sª da Mó. Chegados quase ao cimo, o Paulo decide brincar à “caça ao berlinde”, coisas de homens certamente… :D O Paulo vê um berlinde preso na descida e, esquecendo-se dos princípios básicos da Física, decide soltá-lo para ver até onde ia, claro, sendo que era uma encosta, o berlinde... “foi”, e desapareceu! Ele ficou triste porque o berlinde até era giro, mas depois subimos para o topo do monte e passou :D

Não bastando a vista incrível que gostamos de observar em silêncio, nas ervas do chão, entre as lindas árvores, nasciam flores selvagens lilázes, e, rentes a elas, voavam dezenas de borboletas, contentes de flor em flor, a polinizar. Ficámos ali algum tempo. Tudo calmo e sossegado, não costumamos ir aos fins de semana, para podermos apreciar a 360º a paisagem e o silêncio.

A meio da tarde descemos até Arouca e seguimos pela N326, a dada altura passamos numa zona com uma ponte com uma estrada de terra ao lado e o Paulo jamais iria deixar passar aquilo, eu sabia, e lá foi ele pela estrada de terra fora até ter a certeza que o pneu estava cor de pingo de cevada o suficiente :D

Depois seguimos e paramos no Largo do Cruzeiro, um pouco antes de Londral. Mais curvas e curvas fantásticas. Recomendo intensamente! Tanto pelo percurso como pelo destino! ;)